Em um cenário de enxugamento de patrocínios e perda de apoio da iniciativa privada, atletas de alto rendimento e de categorias de base poderão contar, a partir de hoje (6), com o Centro de Atendimento Especializado em Trauma do Esporte, no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into). O centro foi inaugurado nesta segunda-feira e já pode receber pedidos de associações esportivas e paradesportivas, além de organizações não governamentais, para atendimento de média e alta complexidade.
Os profissionais que atuarão no centro são especializados em medicina do esporte e foram remanejados de outras áreas do Into. Segundo o diretor-geral do instituto, Christiano Cinelli, a reorganização não trará prejuízos às filas de atendimento a outros pacientes.
Ainda não há uma estimativa de qual será a capacidade de atendimento ou a demanda, mas, segundo Cinelli, a intenção é ser o mais includente possível, abrindo as portas, inclusive, para esportes não olímpicos como o MMA.
“A ideia é a formação de convênios com ONGs [organizações não governamentais], instituições e institutos, como o Reação [de judô], e os comitês Olímpico e Paralímpico. Nosso site terá um e-mail em que poderão ser feitos cadastros e, a partir daí, vamos selecionar os atletas”.
O centro será dirigido pelo médico João Grangeiro, que foi atleta olímpico do vôlei nos Jogos de 1980 e integra o Conselho Consultivo do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Grangeiro também foi diretor-médico do Comitê Olímpico Internacional nos jogos Rio 2016 e destaca que o centro não tem importância apenas assistencial, mas vai contribuir para a produção de conhecimento sobre lesões no Brasil e para a formação de novos profissionais.
“A ideia é que nós tenhamos aqui um centro formador. Hoje temos uma geração de médicos e especialistas, mas é importante que esse projeto agregue ao hospital a formação de novos profissionais”.
Grangeiro recomenda que as organizações interessadas procurem o projeto o mais rápido possível e disse que tanto médicos como profissionais de educação física poderão encaminhar atletas para o centro.
Plano de saúde
Na inauguração do centro de traumatologia, o diretor do COB, Bernard Rajzman, disse que a estrutura chega em um momento em que parte dos atletas perdeu acesso à saúde privada, com o fim de um contrato de patrocínio.
“A relação do Comitê Olímpico do Brasil com o hospital e esse segmento vai dar muita tranquilidade aos nossos atletas, em um momento de dificuldade em que a maioria não tem nem plano de saúde”.
O gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson, contou que os atletas de sua modalidade já tinham relação com os profissionais do instituto, já que há médicos da seleção nos quadros do Into. Com a parceria, a expetativa dele é de maior agilidade nos atendimentos.
“A gente já usava, mas agora [teremos] um trânsito menos burocrático e mais rápido, que muitas vezes o atleta de alto rendimento precisa. Com certeza, vamos usar e usar bastante”, disse Wilson.
O medalhista da paracanoagem na Rio 2016, Caio Ribeiro, acredita que a agilidade no atendimento será importante para os atletas, que precisam se recuperar rapidamente antes de competições: “Esse serviço e esse carinho com os atletas vai ser muito positivo”.