A luxação acromioclavicular, também chamada de entorse ou separação acromioclavicular, é uma lesão que ocorre na articulação entre a clavícula e o acrômio (uma parte da escápula), na parte superior do ombro. É uma lesão relativamente comum em quedas diretas sobre o ombro, especialmente em esportes de contato, ciclismo e acidentes.
O que é a articulação acromioclavicular?
É a articulação entre o final da clavícula e o acrômio, sendo estabilizada por ligamentos acromioclaviculares (locais) e coracoclaviculares (conóide e trapezoide), que conectam a clavícula ao processo coracoide da escápula. Esses ligamentos mantêm a clavícula “presa” à escápula.
Quando esses ligamentos se rompem parcial ou totalmente, a clavícula se desloca para cima, causando a luxação.
Como a luxação acromioclavicular acontece?
A causa mais comum é a queda direta sobre o ombro, com o braço ao lado do corpo — algo frequente em:
• Quedas de bicicleta ou moto
• Esportes como futebol, rugby, jiu-jitsu, skate, surfe ou esqui
• Acidentes domésticos ou quedas em idosos
A força do impacto causa o rompimento dos ligamentos da articulação, e quanto mais ligamentos são lesados, maior o grau da luxação.
Quais são os sintomas?
Classificação da Luxação Acromioclavicular (Rockwood)
A classificação de Rockwood é a mais utilizada para determinar a gravidade da lesão:
• Tipo I: entorse leve, sem ruptura de ligamentos
• Tipo II: ruptura dos ligamentos acromioclaviculares, com luxação parcial
• Tipo III: ruptura completa dos ligamentos AC e coracoclaviculares, com deslocamento da clavícula (elevação de 25% a 100%)
• Tipo IV: clavícula deslocada para trás, em direção ao músculo trapézio
• Tipo V: deslocamento superior acentuado da clavícula (>100%)
• Tipo VI: deslocamento inferior da clavícula, sob a coracoide (muito raro)
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é clínico, complementado por exames de imagem:
• Radiografias: com e sem carga no ombro (ajudam a mostrar o grau da lesão)
• Ressonância magnética: pode ser útil para avaliar estruturas associadas ou dúvidas no diagnóstico
Tratamentos mais atuais para a luxação acromioclavicular
Tratamento conservador:
Indicado nos casos leves (tipos I e II) e em alguns casos tipo III:
• Imobilização com tipoia por 1 a 3 semanas
• Analgésicos e anti-inflamatórios
• Fisioterapia progressiva para ganho de mobilidade, força e propriocepção
• Retorno gradual às atividades esportivas (geralmente entre 4 a 6 semanas)
Obs.: Muitos pacientes com tipo III têm boa evolução sem cirurgia, especialmente se não forem atletas de alto rendimento ou exigirem esforço intenso com o ombro.
Tratamento cirúrgico:
Indicado nos casos:
• Tipo IV, V e VI
• Tipo III em atletas de alta demanda ou quando há dor persistente e instabilidade após o tratamento conservador
• Luxações crônicas com comprometimento funcional
Técnicas cirúrgicas mais modernas:
• Reconstrução coracoclavicular com Endobutton®️ ou TightRope®️ (minimamente invasivo)
• Sutura e reforço com enxertos tendíneos (em casos crônicos ou recidivados)
• Fixações com fios ou parafusos (Bosworth), embora menos usadas atualmente
• Reconstrução anatômica com reforço ligamentar (técnicas mais anatômicas para atletas)
A maioria das técnicas modernas é realizada por via artroscópica ou minimamente invasiva, com menor agressão tecidual e recuperação mais rápida.
Recuperação e reabilitação
• O tempo de retorno ao esporte varia de 3 a 6 meses, dependendo do tipo de tratamento e da atividade do paciente.
• A fisioterapia pós-operatória é essencial para restaurar a mobilidade e força do ombro.
Conclusão
A luxação acromioclavicular é uma lesão comum em traumas esportivos e quedas diretas no ombro. O tratamento depende da gravidade da lesão, e a maioria dos casos tem excelente recuperação, seja com tratamento conservador ou cirúrgico. A decisão entre operar ou não deve considerar o tipo da luxação, o nível de atividade do paciente e a presença de dor e instabilidade persistentes.