A ruptura do tendão do músculo peitoral maior, também chamada de barrotura do peitoral maior, é uma lesão relativamente rara, porém grave, que acomete geralmente homens jovens e ativos, especialmente praticantes de musculação. Ocorre geralmente durante exercícios de força — em especial o supino reto — e pode levar a dor intensa, perda de força e deformidade estética no tórax.

O que é o musculo peitoral maior?

O peitoral maior é o músculo mais superficial da parede torácica anterior. Ele tem origem na clavícula, esterno e costelas, e se insere no úmero (osso do braço), sendo responsável por movimentos como:
• Adução do braço (levar o braço em direção ao tórax)
• Rotação interna
• Flexão horizontal (movimento do supino, por exemplo)

A ruptura geralmente ocorre na inserção tendinosa do músculo no úmero, mas também pode acontecer na transição músculo-tendinosa.

Como ocorre a ruptura do peitoral maior?

A lesão acontece, na maioria das vezes, durante movimentos de contração excêntrica — quando o músculo tenta frear o movimento ao ser alongado sob carga, como na descida do supino.

Principais causas:
• Exercícios com sobrecarga (supino com muito peso)
• Uso de anabolizantes (aumenta o risco por alterar a qualidade do tendão)
• Fadiga muscular
• Falta de aquecimento adequado

Quais são os sintomas?


• Dor súbita e aguda na região do tórax ou ombro anterior, geralmente durante o exercício
• Estalo audível no momento da lesão
• Hematoma (mancha roxa) na região peitoral e braço
• Assimetria torácica: retração do músculo para a região do tórax, com “achatamento” do contorno anterior do ombro
• Fraqueza para movimentos de adução e rotação interna do braço

Como é feito o diagnóstico?

Avaliação clínica:

O diagnóstico geralmente é clínico, baseado no mecanismo da lesão, dor intensa e deformidade evidente. A assimetria entre os lados, especialmente em pacientes atléticos, é bastante sugestiva.

Exames complementares:
• Ultrassonografia: pode ser útil, mas depende da experiência do examinador
• Ressonância magnética: exame de escolha para confirmar a lesão, determinar o local da ruptura (inserção, transição miotendínea ou origem) e planejar o tratamento

Classificação de rupturas do peitoral maior

As lesões podem ser classificadas de acordo com:
• Local da ruptura (origem, transição miotendínea ou inserção)
• Extensão (parcial ou total)
• Fase da lesão (aguda: até 3 semanas; crônica: após esse período)

Essa classificação influencia diretamente na indicação do tratamento e na técnica cirúrgica.

Qual o tratamento?

Tratamento conservador:

Indicado apenas em:
• Rupturas parciais pequenas
• Pacientes com baixa demanda funcional
• Contraindicações clínicas para cirurgia

Consiste em:
• Controle da dor e hematoma
• Fisioterapia progressiva com fortalecimento compensatório

Obs.: Pacientes jovens e ativos geralmente não são bons candidatos ao tratamento conservador, pois podem apresentar déficit funcional e deformidade estética importante.

Tratamento cirúrgico (preferencial na maioria dos casos):

A cirurgia é o tratamento padrão para a maioria das rupturas completas do tendão do peitoral maior, especialmente em:
• Pacientes jovens
• Praticantes de musculação ou atletas
• Lesões com retração muscular evidente

Técnicas cirúrgicas:
• Reinserção do tendão rompido ao úmero com uso de:
• Âncoras
• Parafusos com botão cortical (Endobutton®️)
• Transosseous tunnels (túneis ósseos)

A escolha da técnica depende da experiência do cirurgião, tempo de lesão e condição do tendão.

E nas lesões crônicas?

Mesmo em casos com mais de 4 semanas de evolução, a cirurgia pode ser realizada com bons resultados — às vezes sendo necessário uso de enxertos ou mobilização extensa do músculo.

Reabilitação


• Imobilização inicial: tipoia por 2 a 3 semanas
• Fisioterapia: inicia-se de forma progressiva após o período de cicatrização
• Retorno gradual à musculação: entre 3 a 6 meses (dependendo do caso)

Prognóstico

Com o tratamento adequado, a maioria dos pacientes retorna à prática esportiva com excelente função, força e estética preservada. A cirurgia precoce (até 3 semanas da lesão) costuma ter melhores resultados, com menor risco de retração do tendão e necessidade de técnicas mais complexas.

Conclusão

A ruptura do tendão do peitoral maior é uma lesão grave, mas com ótimo prognóstico se diagnosticada e tratada precocemente. O acompanhamento com ortopedista especialista em ombro e cotovelo é essencial para definir a melhor abordagem, especialmente para quem deseja retornar a treinos intensos ou atividade esportiva.

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Ruptura do Tendão do Peitoral Maior: entenda a lesão, sintomas e o tratamento

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