A tendinite calcária é uma condição inflamatória que ocorre quando depósitos de cálcio se formam dentro dos tendões do ombro, principalmente no manguito rotador. Ela pode causar dor intensa e súbita, mesmo em pessoas sem histórico prévio de lesão.

Apesar de assustar por seu nome e pelos sintomas, a tendinite calcária tem bom prognóstico com tratamento adequado, e na maioria dos casos não exige cirurgia.

O que é a tendinite calcária?

É a formação anormal de cristais de cálcio (principalmente hidroxiapatita) dentro dos tendões do ombro, levando a inflamação local e dor. O tendão mais comumente afetado é o supraespinal, mas os tendões do infraespinal e do subescapular também podem ser acometidos.

Por que essa calcificação acontece?

As causas ainda não são completamente compreendidas, mas acredita-se que estejam relacionadas a:
• Alterações na vascularização dos tendões
• Envelhecimento ou desgaste dos tendões
• Desequilíbrios hormonais
• Fatores genéticos

Não está diretamente ligada ao consumo excessivo de cálcio na dieta.

Fases da tendinite calcária

1. Fase formativa: o cálcio começa a se depositar lentamente no tendão, geralmente sem sintomas.
2. Fase de repouso: os depósitos ficam estáveis e podem ou não causar dor leve.
3. Fase de reabsorção: o organismo tenta eliminar o cálcio, gerando inflamação intensa e dor aguda (é a fase mais sintomática).
4. Fase de reparo: o tendão se cicatriza e a dor diminui.

Quais são os sintomas?

• Dor intensa e aguda no ombro, muitas vezes de início súbito, especialmente durante a fase de reabsorção
• Dificuldade para levantar o braço
• Dor noturna, que piora ao deitar sobre o lado afetado
• Em alguns casos, pode haver inchaço e calor local
• Em fases crônicas, a dor pode ser mais leve e intermitente

Como é feito o diagnóstico?

Avaliação clínica:
• História de dor aguda no ombro, muitas vezes sem trauma
• Limitação de movimento ativo e passivo

Exames de imagem:
• Radiografia simples: costuma mostrar claramente os depósitos de cálcio nos tendões
• Ultrassonografia: identifica o tamanho e a consistência da calcificação, e pode guiar tratamentos
• Ressonância magnética: útil para avaliar lesões associadas (como tendinopatia ou bursite)

Tratamento da tendinite calcária

Tratamento conservador (primeira linha):

A maioria dos casos melhora com medidas não cirúrgicas:
• Medicações analgésicas e anti-inflamatórias
• Repouso relativo e gelo local
• Fisioterapia especializada: para recuperar mobilidade, força e diminuir a inflamação
• Infiltração com corticoide: em casos com dor intensa ou bursite associada
• Lavagem percutânea (barbotagem): procedimento guiado por ultrassom em que uma agulha é usada para aspirar ou fragmentar o cálcio
• Ondas de choque extracorpóreas: método não invasivo que estimula a reabsorção do cálcio e melhora a dor

Tratamento cirúrgico:

Indicado quando:
• A dor persiste mesmo após 3 a 6 meses de tratamento conservador
• Os depósitos são volumosos e não reabsorvidos
• Há lesão associada do manguito rotador

A cirurgia é geralmente feita por artroscopia, com remoção dos depósitos calcificados e, se necessário, reparo do tendão afetado.

Prognóstico

A tendinite calcária costuma ter excelente resposta ao tratamento, com resolução completa dos sintomas em semanas a meses. Mesmo em casos mais graves, os procedimentos minimamente invasivos (lavagem percutânea, ondas de choque ou artroscopia) costumam proporcionar alívio duradouro.

Conclusão

A tendinite calcária é uma causa comum e tratável de dor no ombro. Com diagnóstico correto e tratamento adequado, a maioria dos pacientes volta às atividades normais sem necessidade de cirurgia. O acompanhamento com ortopedista especialista em ombro é fundamental para individualizar a abordagem e evitar complicações.